ANPAP - Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas

Apresentação Anais 2012

Apresentação

O 21º Encontro da Associação Nacional dos Pesquisadores em Artes Plásticas – ANPAP, que ocorrerá de 24 a 29 de setembro de 2012, no Instituto de Artes da UERJ, tem como objetivo tornar públicas as pesquisas em artes que se desenvolvem nas universidades brasileiras. Esses encontros, que a cada dois anos ocorrem sob diferente coordenação, também constituem ocasiões em que artistas visuais, críticos, historiadores, curadores, educadores e quaisquer outros pesquisadores que perpassem o campo da arte, impulsionando-o para a relação com a sociedade, são convidados para refletir juntos.

Os temas que foram propostos nos dois últimos encontros transitaram entre as condições de produção de narrativas, ficções, fabulações, utopias e subjetividades. Deflagraram processos reflexivos no sentido de possibilitar a compreensão das muitas formas de presença da arte no mundo contemporâneo, assim como das fricções que provocam. Mais do que defender conceitos a adotar, os temas apontaram para discursos que transbordam definições, deflagrando linhas de possibilidade e de ação, transversalmente perpassadas pelo pensamento histórico-filosófico, mas, sobretudo, pela própria materialidade da arte como forma-problema.

Em 2011 os debates concentraram-se nos termos subjetividades, utopias e fabulações. Subjetividades foi lançado a partir do que Felix Guattari1 propôs como alternativa à dicotomia clássica individualidade x sociedade; o termo utopias, remetendo a Ernest Bloch,2 evocava o sentido da “utopia concreta” e referia-se à possibilidade de uma utopia realizada aqui e agora, mas também ao modo como o autor trata a arte e a fantasia, ou seja, como balizas de uma sociedade justa; fabulações remete à função fabuladora, descrita por Gilles Deleuze,3 em que é possível reencontrar o elo entre a vida e a ficção, que se daria nas narrativas simulantes; função fundamental para as ações artísticas.

Como desdobramentos desses debates, no encontro de 2012 impuseram-se as relações Vida e Ficção/Arte e Fricção, que nos apontam tanto para as alternativas ficcionais da arte como para as rugosidades e asperezas das narrativas que aproximam a arte da sociedade e da vida: um campo de perene atrito, condição de sobrevivência da arte.

Em 2012 o Encontro foi organizado em doze simpósios, propostos por associados, que selecionaram as comunicações e coordenaram as apresentações de quinze pesquisadores por tema, distribuídos em três mesas. Os temas dos simpósios, seguiram aquele geral e ficaram assim definidos: Arte e Tecnologia: ficções e fricções, coordenado por Cleomar de Sousa Rocha (UFG) e Hermes Renato Hildebrand (Unicamp); Modos interativos: entre a ficção e a fricção, coordenado por Nara Cristina Santos (UFSM), Rosangella Leote (Unesp) e Andreia Machado Oliveira (UFSM); Educação e vida/arte e fricção, sob coordenação de Sumaya Mattar (USP) e Terezinha Losada (UniRio); Condições de sentido nas práticas discursivas na/da arte, coordenado por Ana Claudia Mei Oliveira (PUC-SP), Adriana Rosely Magro (Ufes) e Larissa Fabricio Zanin (Ufes); Arte e interdisciplinaridade, cujos coordenadores são Marcos Rizolli, Mirian Celeste Ferreira Dias Martins e Regina Lara Silveira Mello, os três da Universidade Presbiteriana Mackenzie;  Observatório da formação de professores de Artes no Brasil: fricções e movimentos, coordenado por Maria Cristina da Rosa Fonseca da Silva (Udesc), Isabela Frade (Uerj) e Maria Christina de Souza Lima Rizzi (USP); Corpo e imagem, relações, tangências, reverberações na contemporaneidade, coordenado por Viviane Matesco (UFF) e Luciano Vinhosa (UFF); O que os olhos veem o coração sente... Afetos e desafetos na história da arte, sob coordenação de Luiz Alberto Freire (UFBA) e Marize Malta (UFRJ); Gravura artística e contemporaneidade: de fricção e ficção na vida e na arte, coordenado por Maria Luísa Luz Távora (UFRJ) e Lucia Gouvêa Pimentel (UFMG); Cruzamentos e meios: o múltiplo na arte contemporânea, com a coordenação de Maria do Carmo de Freitas Veneroso (UFMG), Maristela Salvatori (UFRGS) e Paula Cristina Somenzari Almozara (PUC-Campinas); Lugares atravessados Amazônias: Ficção e Fricção, cujos coordenadores são Orlando Maneschy (UFPA), Marisa Mokarzel (Universidade da Amazônia), Afonso Medeiros (UFPA); Educação e Cultura Visual, coordenado por Raimundo Martins (UFG), Marilda Oliveira de Oliveira (UFSM) e Erinaldo Alves do Nascimento (UFPB).

Com o objetivo de aprofundar os debates indicados no tema geral, esse formato não só abriu a coordenação de parte do encontro para os membros da ANPAP, como viabilizou a participação de associados e não associados nos debates e na publicação dos anais, incentivando a participação de novos pesquisadores, que futuramente possam fazer parte da associação.

Dando continuidade à tradição das edições anteriores, a coordenação geral deste encontro programou ainda três mesas de debates, para as quais convidou pesquisadores da área, que trazem reflexões importantes para o campo: Deslocamentos e (des) territórios: fronteiras da arte e da vida, com a participação de Paula Braga (Unicamp), Moacir dos Anjos (Fundação Joaquim Nabuco) e Celso Favaretto (USP); Ficção, imagem e história, com a participação de Ana Maria Mauad (UFF), Rosângela Rennó (artista) e Marcio Seligmann-Silva (Unicamp); Arte, instituição e subjetividade: fricções, com Bárbara Szaniecki (UERJ), Martin Grossman (USP) e Paulo Herkenhoff (curador independente).

O 21º Encontro recebe, também como convidado, o pesquisador Jesús Maria Carrillo Castillo, professor do Departamento de História e Teoria da Arte na Universidade Autônoma de Madri e diretor do Departamento de Programas Culturais do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía. O professor Carrillo é licenciado em História da Arte pela Universidade de Múrcia, mestre em estudos históricos pelo Instituto Warburg, da Universidade de Londres e doutor em História pela Universidade de Cambridge (King's College). É com sua conferência, O contador de histórias: poéticas e políticas da narração na cultura contemporânea, que abrimos o Encontro.

Esperamos que essa programação possa ser uma excelente oportunidade de amáveis contatos e confraternizações, mas também de discussão, ampliação e aprofundamentos dos estudos e pesquisas em artes. Aproveitemos então!

Sheila Cabo Geraldo




1 Guattari, Felix. Caosmose: um novo paradigma estético. São Paulo: Ed. 34, 1992.

2 Bloch, Ernest. The Spirit of Utopia. Stanford: Stanford University Press, 2000

3 Deleuze, Gilles. La imagen-tiempo: estúdios sobre cine 2. Barcelona/Buenos Aires/ México: Ediciones Paidós, 1987.