Simpósio 11


Recuradoria: discurso curatorial e perspectiva histórica


Elisa de Souza Martinez UNB e Vera Beatriz Siqueira UERJ

Em seu livro Rethinking Contemporary Curating, Terry Smith identifica três posições–chave para a curadoria de arte na contemporaneidade: 1. Remodernismo, que delimita a readaptação do modelo do cubo branco, tendo Kirk Varnedoe como seu maior representante; 2. Transnacional transnacionalidade, ou a difusão do formato das bienais ao redor do globo, que tem Okwui Enwezor como curador modelar; e 3. Estética relacional, em mostras de pequena escala, interativas, sob influência de Nicolas Bouriaud.

O papel da curadoria hoje, tal como postula Smith, parece ser não apenas formular afirmações históricas, críticas ou institucionais sobre os objetos expostos, mas também dar forma a mostras que sejam capazes de gerar novas intuições e novos argumentos. Nesse sentido, um dos caminhos privilegiados para a compreensão do modo contemporâneo de fazer curadoria é, segundo o mesmo autor, sua historicização, que qualifica como "recuradoria".

Ampliando o escopo deste pensamento e destacando a curadoria como um procedimento geral e não restrito a exposição de objetos, sua heterogeneidade tem se constituído não apenas da interação de múltiplas disciplinas ou camadas de sentido, como também de diferentes pontos de vista, ou discursos curatoriais. Consideramos também que, como prática, a curadoria está em permanente redefinição e expansão do repertório de estratégias que influenciam não somente sua abertura enquanto campo, mas também uma série de desencontros e desentendimentos.
Sem pretender criar um modelo teórico, histórico ou linguístico para a polifonia nos discursos curatoriais, este simpósio temático objetiva participar do processo reavaliação histórica do fenômeno discursivo da curadoria. Interessa-nos, sobretudo, pensar essa "recuradoria" como o questionamento da contemporaneidade do discurso curatorial, levantando novas questões e novos métodos interpretativos.
No que a análise histórica da curadoria pode contribuir para a afirmação de sua contemporaneidade? Nas mostras de arte, como o discurso curatorial integra ou rejeita teorias e práticas metodológicas da história ou da crítica de arte? Como o ponto de vista exposto por meio de estratégias curatoriais se relaciona ao espaço físico e simbólico da instituição expositiva? De que modo os discursos curatoriais atuam na ampliação fenomênica e conceitual das fronteiras da arte no mundo contemporâneo? Qual o papel do dissenso no discurso curatorial frente ao culto da obra de arte e do artista?

Palavras-chave: recuradoria; discurso curatorial e heterogeneidade; curadoria e historização

Nome ARTIGOS Página
Elena O’Neill / UERJ REPRESENTAÇÕES DO ESPAÇO: ENTRE HISTÓRIA DA ARTE E CURADORIA 3844
Elisa de Souza Martinez / EXPOSIÇÕES MEMORIAIS E TIPOS EXPOGRÁFICOS 3857
Igor Moraes Simões / UFRGS A EXPOSIÇÃO COMO DISPOSITIVO PARA A HISTÓRIA DA ARTE 3868
Paula Cristina Luersen / UFRGS DO ARQUÉTIPO À DIFERENÇA NAS ESTRATÉGIAS CURATORIAIS: TRÊS MODOS DE REVISITAR O EFÊMERO 3882
Vera Beatriz Siqueira / UERJ CURADORIA COMO TAREFA CRÍTICA 3896
Vitoria Daniela Bousso / Pesquisadora independente CURADORIAS: VETORES PARA A CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA DA ARTE 3903