Simpósio 10


Práticas colaborativas na arte contemporânea: processos criativos críticos e tensionamentos políticos


Luiz Sérgio de Oliveira UFF, Aparecido José Cirillo UFES e José Luiz Kinceler UDESC

As práticas colaborativas na arte são um fenômeno contemporâneo de tamanha magnitude cuja presença não é possível desconhecer. A proliferação dos coletivos de artistas, o desencanto com a produção de objetos artísticos orientados para o mercado em projetos de arte que, ao contrário, visam dificultar sua própria inserção no sistema institucional, além da articulação entre arte e ativismo em ações de inequívoco teor político são características que situam essas práticas artísticas, de caráter colaborativo e político, vigorosamente distantes da produção de arte alicerçada no tripé artista – objeto artístico – mercado, ou se preferirmos um viés mais astucioso, artista – objeto artístico – instituições. Com as práticas colaborativas cai por terra o modelo de criação e de produção de arte centralizado no artista, modelo que entra em colapso em favor de outro que se assenta sobre novos elementos e parâmetros, a saber: diálogo e negociação. A noção de obra de arte é tensionada por práticas que preconizam a ênfase no processo e na fluidez dos encontros e que relegam o objeto / produto do gesto ou da ação artística a uma condição secundária. Mesmo o artista parece experimentar certa perplexidade diante do que vê de si mesmo, ao perceber-se sobrecarregado com novas funções que se sobrepõem àquela de criador. Neste cenário, o artista também é propositor, articulador e mediador, para citar apenas algumas das novas atribuições. Nessa representação de si mesmo, o artista parece relutar diante de situações que desafiam sua identidade e sua percepção social. O fenômeno das práticas colaborativas, ramificado em eixos que englobam as práticas dos coletivos de arte, da arte ativista, da arte política etc., oferece-se como campo fértil para reflexões e debates acerca do escopo e dos compromissos que envolvem o cotidiano do artista em seu processo criativo. Neste sentido, o fenômeno gera incertezas e interrogações sobre as instituições de arte, desafiadas a alargar sua capacidade para o acolhimento dessas proposições artísticas; sobre a crítica de arte, não aparelhada para um debate franco e propositivo acerca dessas práticas; sobre as instituições de ensino e de formação, instadas a buscar meios para a instrumentalização desse novo artista; sobre o próprio artista, paralisado diante de um espelho que reflete uma imagem que não reconhece de si mesmo, entre outras questões a desafiar nossa compreensão supostamente consolidada da natureza da arte.

Palavras-chave práticas colaborativas; processos criativos críticos; tensionamentos políticos

Nome ARTIGOS Página
Alice Jean Monsell / UFPel DESLOCAMENTOS NO PAPEL SOCIAL: SITUAÇÕES DOMÉSTICAS, INTERAÇÕES OUTRAS ENTRE ARTISTA E PÚBLICO 3614
Carlos Augusto Nunes Camargo / UFRGS ENTREMUROS: UMA POÉTICA PARTICIPATIVA NA ENCOSTA DE UM CASTELO 3630
Cristiane Arakaki, Daniela Fávaro Garrossini, Francisco Sierra Caballero / UnB MEDIALAB QUITO: CONCEPÇÃO DE UM ESPAÇO COLABORATIVO DE CRIAÇÃO COLETIVA 3645
Elizabeth Garavito López / UNESP ECOLOGIA EM PRÁTICAS COTIDIANAS 3656
Gracia Casaretto Calderón / UFPel ARTISTA ETNÓGRAFO E ZONA RURAL: POÉTICA DE UMA ATMOSFERA CULTURAL 3669
Isabela Nascimento Frade, Irene Amarante Pereira / UERJ HABITAÇÃO: JOGOS DE PRODUÇÃO DO COMUM E O EXTRAODINÁRIO DA ARTE 3683
Janice Martins Sitya Appel / UFRGS O JARDIM COMO LABORATÓRIO PARA PLATAFORMA ARTIVISTA, TRANSVERSAL E PERMANENTE DE COLABORAÇÃO COM O MEIO 3699
José dos Santos Laranjeira / UNESP BAÚ :: URÚ :: RUA. DA CRIAÇÃO À REFLEXÃO DE UMA OBRA /EVENTO COLETIVA E COLABORATIVA EM MEIO A TRÂNSITOS SONOROS 3711
Livia Flores Lopes / UFRJ O LUGAR COMUM DA PARTICIPAÇÃO 3727
Luiz Sérgio De Oliveira / UFF TRANSPORTE COLETIVO: PRÁTICAS COLABORATIVAS E DESCONSTRUÇÃO DE MITOS 3746
Marcelo Simon Wasem, Mariana Novaes / UERJ POSSÍVEIS ABERTURAS DA OBRA DE ARTE COLABORATIVA: DISPOSITIVOS, RESSONÂNCIAS E TERRITÓRIOS ACIONÁVEIS 3760
Marit Scheibe / UNESP O ARTISTA COMO MEDIADOR SOCIAL: CSA COMO EXERCÍCIO DA ESCULTURA SOCIAL 3776
Paula Ávila Kepler / UERJ HÉLIO OITICICA: MANGUEIRA, A VIDA VASTA E A PROMESSA DE CRESCER 3786
Sainy C. B. Veloso / UFG O “SALTO” E “LA VICTORIA”: O COLETIVO DE ARTISTAS E O MOVIMENTO DE INVASÃO DOS SEM-TETO, EM SANTIAGO DO CHILE 3798
Samira Margotto / USP NOS MEANDROS DE TEMPOS CONVERGENTES, DIVERGENTES E PARALELOS 3811
Viviane Matesco, Barbara Friaça, Letícia Carvalho de Oliveira, Tania Rivera / UFF –
Ana Teresa Derraik / Hospital da Mulher Heloneida Studart
ARTE, MULHER E SOCIEDADE- RESIDENCIA ARTÍSTICA EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE SAUDE 3827