O impacto das visualidades no cotidiano de alunos e professores tem gerado debates que levantam questões de ordem filosófica, metodológica e prática na construção de propostas pedagógicas na Educação em Artes Visuais. As visualidades são entendidas como parte fundamental da experiência visual, constituída nos processos culturais e apreendidas social e contextualmente, em circunstâncias históricas particulares. Os estudos das visualidades atenta, segundo Foster em Vision and Visuality (1988, p.IX), “para as muitas diferenças entre de que modo vemos, como somos capazes, autorizados ou levados a ver, e como vemos este ver ou o não-visto dentro dele”. Esta perspectiva abre possibilidades de discutir abordagens alternativas para implementar pedagogias que privilegiem as dimensões afetivas na relação sujeito-visualidades, considerando a potência que tais dimensões imprimem nas experiências culturais do ver e ser visto – assim como do não ver ou ser inviabilizado. Privilegiar afetos responde ao nosso entendimento de que eles nos tornam quem somos, nos dão marcas de como vamos nos tornando e nos reinventando, além de contribuírem para encontramos formas de nos representar, reunindo atos e sentimentos para assumir e vivenciar valores que reforcem a solidariedade e justiça social. As experiências visuais e a compreensão das visualidades, no âmbito das pedagogias críticas e culturais, requerem um movimento de interação, de conexões entre aquilo que nos afeta, atentos para quando, como e onde nos posicionamos e posicionamos os outros. Afeto como influência, intensidade, e impacto de nossas produções como grupos de investigadores e praticantes pedagógicos. Os afetos têm uma função de mediação e negociação com o que é visto, e uma função comunicativa-projetiva de nossos desejos, objetivos e agendas individuais e sociais. As visualidades podem reforçar, desintegrar e/ou reinventar os sentidos de pertencimento que construímos ao interagirmos com elas nas comunidades com as quais convivemos. Há uma forte vinculação entre afetos e pedagogias já que aqueles são facilitadores sociais e estimulam as tomadas de decisões constantemente necessárias à atuação docente. O simpósio pretende colaborar para a ampliação do debate sobre redes e conexões transdisciplinares para pensar as visualidades nos múltiplos contextos nos quais os afetos e as pedagogias promovem compartilhamentos na arte e nas tramas da cultura.
Palavras-chave: visualidades; pedagogias; afetos